'
Mostrando postagens com marcador eu. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador eu. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 29 de maio de 2013

NOSCE TE IPSUM

Amanhece lá fora. Depois de passar horas observando o céu escuro, já consigo distinguir os tons mais claros de azul, apesar das nuvens cinza carregadas. Vai voltar a chover.
O despertador ainda vai demorar a tocar. E tomara que a bateria do celular aguente até a hora de sair da cama. O acende e apaga da luz do display durante a noite toda reduziu a carga ao mínimo. Já decorei minha agenda. Li todas as mais de mil mensagens. Vasculhei todos os aplicativos. Revi todas as fotos. Ouvi quase todas as músicas.
Tudo parecia melhor e mais fácil do que o Oráculo de Delfos que me esperava ansiosamente. Autoconhecimento. Nunca entendi muito bem essa bendita palavra. Até hoje a noite. Até o clarão na mente cegar meus olhos e mudar meu sentido. Até algo me mostrar de onde vim, onde estou e para onde vou.
É, o caminho está bem aberto e fresco. Cheiro de terra molhada. Basta reunir força e coragem para começar a andar. Despir as roupas antigas, abandonar velhos hábitos, me despedir da rotina, olhar sempre em frente.
Eu vou conseguir. Sou forte o bastante. É só que às vezes me escondo pro resto do mundo. E até para mim mesma até algumas horas atrás. Mas, nesse momento, a cortina se abriu e a visão é linda, coisa de outro mundo. Pena quem não consegue enxergar.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Yin-yang


Maria sonha em namorar 6 anos, noivar 2 e casar de véu e grinalda na igreja neo-romana da praça no bairro antigo.
Ana quer morar junto antes de assinar os papéis, para ter certeza de que juntar os trapinhos vai dar certo.
Maria não desobedece aos pais, não fala palavrão, não bebe álcool, não volta pra casa tarde da noite.
Ana é livre, faz o que quer, bebe todos os drinks doces do bar, chega em casa às 6 da manhã.
Maria quer ler a Bíblia de Gênesis ao Apocalipse. Gosta de boa literatura, dos clássicos da história.
Ana lê E. L. James e faz compras secretas de Anaïs Nin.
Maria não mata aula, estuda como louca, só tira boas notas e é a nerd da sala.
Ana mais falta do que comparece à faculdade, fica no celular o tempo todo, sai no meio da aula para encontrar os amigos no bar da esquina ou na república em frente.
Maria passa despercebida.
Ana é popular.
Maria é insegura, tem baixa autoestima, é encanada com o corpo, não se acha bonita e vive carente.
Ana sabe que chama atenção, não liga pro que os outros pensam dela, é independente tal como as mulheres dos comerciais de absorvente.
Maria é indecisa.
Ana não volta atrás.
Maria é yin.
Ana é yang.
O bem e o mal. Nunca deixam de ser um só.
Apesar de ser bem mais uma do que outra... Maria e Ana sou eu.