Amanhece lá
fora. Depois de passar horas observando o céu escuro, já consigo distinguir os
tons mais claros de azul, apesar das nuvens cinza carregadas. Vai voltar a
chover.
O
despertador ainda vai demorar a tocar. E tomara que a bateria do celular aguente
até a hora de sair da cama. O acende e apaga da luz do display durante a noite
toda reduziu a carga ao mínimo. Já decorei minha agenda. Li todas as mais de
mil mensagens. Vasculhei todos os aplicativos. Revi todas as fotos. Ouvi quase
todas as músicas.
Tudo
parecia melhor e mais fácil do que o Oráculo de Delfos que me esperava
ansiosamente. Autoconhecimento. Nunca entendi muito bem essa bendita palavra.
Até hoje a noite. Até o clarão na mente cegar meus olhos e mudar meu sentido.
Até algo me mostrar de onde vim, onde estou e para onde vou.
É, o
caminho está bem aberto e fresco. Cheiro de terra molhada. Basta reunir força e
coragem para começar a andar. Despir as roupas antigas, abandonar velhos hábitos,
me despedir da rotina, olhar sempre em frente.
Eu vou
conseguir. Sou forte o bastante. É só que às vezes me escondo pro resto do
mundo. E até para mim mesma até algumas horas atrás. Mas, nesse momento, a cortina
se abriu e a visão é linda, coisa de outro mundo. Pena quem não
consegue enxergar.
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