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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Eu sinto.

Fico aqui olhando as gotas escorrerem pelo vidro da janela. A chuva, que já me causou tanto medo, hoje não passa de uma nem tão querida conhecida. Mais pelas sensações que ela me traz do que por qualquer preocupação. Essa introspecção. Esse mergulho profundo no denso líquido do meu interior.
Quando o dia fica cinza, eu já percebo o sentimento. A nostalgia. Não, chuva, você não é bem-vinda. Pois com você, visitam-me todos os fantasmas brancos e negros. Os medos, os beijos, as dúvidas, o amor.
E eu achei que nem ligava mais pro amor. E me vi tão longe dele que me perdi de mim. Eu, esse coração que pulsa aberto, assim pra qualquer um ver. Achei que eu era forte, fria e calculista, e fiquei sem rumo no breve momento em que a sensibilidade me deixou. Mas, não. Eu sou sensível. Esse é o meu maior defeito e a minha maior qualidade. Eu sinto. E sinto muito, e sinto tudo. O livro, a música, a novela, aquele dia, aquela conversa. Eu sinto. Eu vivo. Esse sentir é o que me mantêm viva.
Eu gosto da bagunça, da desordem. Gosto de fechar a porta do quarto, deitar ao contrário na cama e observar pela janela o céu azul claro e limpo da minha cidade do interior. Gosto de imaginar que existe um mundo inteiro lá fora esperando por mim. Mas sei que nunca posso esquecer que existe um mundo inteiro aqui dentro, que eu devo levar pra onde eu for.
Porque é inteiramente esse sentir que faz meu sangue circular forte nas veias. É esse sentir que me faz humana. Esse sentir me faz lembrar que estou aqui por um motivo. Esse sentir. E eu sinto.

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