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quarta-feira, 19 de março de 2014

Hoje eu sonhei com você


Hoje eu me lembrei de você. Coisa que há muito não fazia. Treinei meu cérebro pra desviar o pensamento quando ele caminhava na tua direção. Ele custou, mas aprendeu. E hoje eu pensei em você. Na verdade, sonhei com uma coisa tua. Parecia de verdade. Quando acordei, antes de abrir os olhos, teu rosto apareceu na minha frente e eu lembrei teu nome.
Hoje é feriado e eu pude ficar na cama bastante tempo refletindo sobre esse sonho perturbador. O mais esquisito foi a sensação que tive, como se você não passasse de um estranho. Alguém que cruza meu caminho todo dia na rua, mas que eu não sei quem é, o que faz, de onde vem e pra onde vai. Hoje você é exatamente assim pra mim. Uma parte de um passado remoto que nem sei precisar quando foi presente. Alguém que recordei num dia qualquer, mas que na verdade sempre esteve distante.
Amor, eu não conheço você. Nunca conheci. E pensar nisso me entristeceu demais, e eu chorei. Molhei o travesseiro como eu costumava fazer toda noite antes de dormir, antes de saudade e depois de tristeza. Fiquei com muita raiva de mim, pois estava quebrando minha promessa: jurei a mim mesma que nenhuma lágrima ia escorrer dos meus olhos por tua causa de novo. Mas depois me perdoei, porque percebi que eu não chorei por você. Eu chorei por mim.
Porque eu amei um desconhecido, entreguei tudo o que eu tinha de mais bonito a um estanho. Foi irreal. Sofri uma eternidade por um fantasma que costumava morar debaixo do meu travesseiro. Você foi bom ator e deu vida ao meu roteiro... até a cena final. Aquela eu não escrevi, amor. Nunca teria escrito. A minha história era linda, sem ponto final. E agora eu vejo que tudo não passou da mais pura ficção. E que hoje eu nem sei quem você é.
Percebi que até o momento eu vivi enclausurada numa fuga incessante. Fugindo das tuas lembranças, tentando me livrar de tudo o que eu senti um dia. Me tornando autossuficiente, e isso até que foi bom. Hoje eu sei ser uma boa companhia a mim mesma. Você até iria se surpreender se visse como eu mudei. Mas eu estava fugindo de sentir os sentimentos mais bonitos e vitais, fugindo de ser feliz de novo, amor. E não aquela pseudo-felicidade que você me deu. Mas a felicidade real de um amor concreto, personificado.
E hoje eu penso em mim. Meu amor próprio apareceu, e quem sabe um dia eu te apresente a ele. Hoje eu faço bem pra mim. E por isso, a partir de hoje, eu me permito sonhar de novo. Me permito amar de novo. Me permito ser amada e ser feliz. Não sei ser fria, amor. Essa não sou eu, você sabe disso. Prefiro morrer. E por esse motivo não vou me negar a mais nada. Vou sentir o coração bater mais forte hoje mesmo.
Quando levantei da cama, olhei no espelho e mirei o fundo dos meus olhos, pra ver se via minha alma. Esquadrinhei-a e não encontrei mais o mal que você me fez. Eu já te odiei na mesma intensidade que te amei, amor. Mas eu sou mais forte. Me livrei de tudo o que havia de ruim. E eu vou amar de novo. Um amor novo. Um amor real. Livre de mágoas e desconfianças. Livre de qualquer coisa que possa macular o sentimento mais puro do mundo. Eu amo de verdade, amor.  Eu amo até você! E torço muito pra que aí no seu mundo esteja tudo dando certo. Porque aqui no meu, hoje eu sei, tá tudo bem.

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